Bairro de Alfama e Rio Tejo em Lisboa

sábado, 30 de junho de 2012

Um bom mergulho (e livros) para a despedida


Vejam como são curiosas as cores desta fotografia. Em que ano seria tirada? Não sei, mas é pelo menos dos anos cinquenta ou sessenta do passado século! Mostrem aos pais.

É o último dia de junho. Há semana e tal que estão de férias e ainda falta muito para estas acabarem. Aproveitem este tempo e não se esqueçam de ler. Está muito tempo pela frente!





Boas férias de verão, boas férias grandes!



Será que alguém conhece esta canção?

Versão de Sérgio Mendes mais os Black Eyed Peas (2006)


Esta mensagem foi publicada em abril do ano passado no blogue dos vossos colegas mais velhos. Não me resisto a voltar a publicá-la hoje aqui, no último dia de junho. Se nunca ouviram esta música, acho que vão gostar, e gostar mesmo. E reparem: temos três vídeos, a versão original (Jorge Ben), a versão que a fez famosa há muitos anos (Sérgio Mendes) e a versão mais recente (2006) de Sérgio Mendes mais os Black Eyes Peas.

Desfrutem da música!, ou como também se diz: Curtam a música!


De certeza que toda a gente conhece a canção que temos cá em cima, mas eu queria que vocês conhecessem a história de "Mas que nada", que foi cantada pela primeira vez pelo brasileiro Jorge Ben em... 1963!!! Três anos depois, tornou-se imensamente conhecida na versão de Sérgio Mendes. Quarenta anos mais tarde (mais pontinhos de admiração !!!), em 2006, Mendes voltou a gravá-la com o grupo The Black Eyed Peas. Esta é a versão que conhecem, não é?

E nesta mensagem estão as três versões para vocês compararem. Acho que vão ficar com a mais moderna. É lógico.

Para terminar, o que acham do vídeo de Sérgio Mendes & Brasil 66?


Primeiro disco de Jorge Ben, Samba Esquema Novo (1963)
Nele aparecia "Mas que nada"


"Mas que nada" é uma canção composta pelo cantor brasileiro Jorge Ben Jor. Gravada em 1963, para seu primeiro álbum, Samba Esquema Novo, a canção é o primeiro grande sucesso de Jorge Ben (seu nome artístico na época), "Mas Que Nada" também é uma das canções brasileiras mais conhecidas no exterior, particularmente nos Estados Unidos da América, quando foi gravada pelo pianista e compositor brasileiro Sérgio Mendes em versão bossa nova.




Em 2006, Sérgio Mendes regravou a canção junto com os Black Eyed Peas e vocais adicionais por Gracinha Leporace (esposa de Mendes); uma versão que está incluída em seu álbum Timeless (2006). Black Eyed Peas é um grupo de hip hop ganhador do Grammy, formado em Los Angeles, Califórnia, em 1995.







MAS QUE NADA

Oariá raiô
Obá Obá Obá
Mas que nada
Sai da minha frente
Eu quero passar
Pois o samba está animado
O que eu quero é sambar
Este samba
Que é misto de maracatu
É samba de preto velho
Samba de preto tu
Mas que nada
Um samba como esse é tão legal
Você não vai querer
Que ele chegue no final



Esta é a versão cantada por Sérgio Mendes & Brasil 66, que ficou famosa naquele ano.




Cá em baixo temos a versão original, composta e cantada por Jorge Ben, hoje Jorge Ben Jor.





sexta-feira, 29 de junho de 2012

A menina à janela, mais uma vez



Menina, estás à janela: Volta esta bela canção tradicional portuguesa, arranjada e cantada por Vitorino, numa outra versão do próprio cantor alentejano. Vale a pena. Aqui podem ver o vídeo publicado no blogue.

MENINA, ESTÁS À JANELA

Menina, estás à janela
com o teu cabelo à lua,
não me vou daqui embora
sem levar uma prenda tua.

Sem levar uma prenda tua,
sem levar uma prenda dela,
com o teu cabelo à lua,
menina, estás à janela.

Os olhos requerem olhos,
e os corações, corações;
e os meus requerem os teus
em todas as ocasiões.

Menina, estás à janela
com o teu cabelo à lua,
não me vou daqui embora
sem levar uma prenda tua.

Sem levar uma prenda tua,
sem levar uma prenda dela,
com o teu cabelo à lua,
menina, estás à janela.







Numa rua de Setúbal


Jorge Dragón tirou esta fotografia num passeio da cidade portuguesa de Setúbal, que fica perto de Lisboa.

De certeza, alguns de vocês já terão estado em Setubal... Reparem como é que se escreve em português a palavra tesouro: ou pronuncia-se como um o fechado e o s, em posição intervocálica, realiza-se como uma fricativa predorso-alveolar sonora [z]. Pensem em palavras como casa, ilusão, mesa, etc. É o mesmo som.


quinta-feira, 28 de junho de 2012

O que diz o rato? (A. M. Pires Cabral)



O QUE DIZ O RATO

Tenho um destino. Nasci
para roer o silêncio – e vou roê-lo
metodicamente

até que um dia se invertam os papéis
e seja o silêncio a roer-me a mim.

A. M. Pires Cabral


Até à vista (Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada)

 Ilustração de Jorge Miguel


Espero que gostem desta fábula da cegonha e da tartaruga:


Até à vista!

– Vou partir para as terras quentes do Sul – declarou a cegonha com visível orgulho. – Desde que anunciaram tempos difíceis, não penso noutra coisa.
– Quem é que anunciou tempos difíceis? – perguntou a tartaruga com um bocejo.
– O boletim meteorológico. Falaram de vento, chuva, frio, enfim, só de coisas desagradáveis. E eu, sempre que posso, fujo do que me aborrece.
– Foges?
– Bom, é uma força de expressão. Sabes que aproveito todos os pretextos para uma viagenzinha.
Certa de que despertaria inveja, a cegonha pôs-se a descrever as delícias de que desfrutava nas suas viagens:
– Oh! Levantar voo, bater as asas, lançar-me à aventura! Hoje uma terra, amanhã outra... tu sabes lá o que se encontra por esse mundo fora. Há cada animal! – Imagino – respondeu a tartaruga.
– Não imaginas, não. Ora diz-me, consegues fazer passar pela tua cabeça uma manada de bichos que parecem pacíficos e de trato fácil, mas que afinal são indomáveis e nunca nada, nem ninguém conseguiu domesticar?
– Nada mais simples, são zebras.
Um pouco desconsolada, a cegonha insistiu:
– E um mastronço de pele dura como sola, míope, neurótico e com um corno só?
– Nada mais fácil. É o rinoceronte.
A cegonha já estava a ficar irritadíssima e pensava:
- Então eu que tenho asas, eu é que viajo, eu é que convivo com seres exóticos e esta estúpida da tartaruga, que nunca saiu da praia, sabe tanto como eu? Não pode ser . tenho de arranjar maneira de a surpreender ou mesmo de a embaraçar!
Cheia de más intenções, perguntou de novo:
– Já viste uns pássaros coloridos que falam, falam, mas não dizem nada, porque se limitam a repetir o que outros já disseram?
Pachorrenta como é de seu natural, a tartaruga abanou a cabeça, encolheu-se na casca, voltou a esticar-se. Parecia ter pouca vontade de responder.
– Então? Perdeste a língua? Se calhar nunca encontraste nenhum destes pássaros.
– Ó filha, o que mais há por aí são papagaios.
Quase enraivecida, a cegonha começou a falar como uma matraca:
– E os bichos que carregam os filhotes numa bolsa até eles serem bem grandes? E as aves que põem os ovos nos ninhos alheios, porque não estão para se maçar a tratar das crias? E os grupos que  guincham com voz esganiçada, pouco se importando se incomodam ou não as pessoas? Conheces?
– Cangurus, cucos e macacos – foi a resposta seca.
A cegonha calou-se, descorçoada. E mais descorçoada ficou quando a tartaruga resolveu por sua vez fazer perguntas.
– Então agora diz-me cá tu que viajas tanto. Qual é a ave mais rápida do mundo?
A cegonha engoliu em seco, porque se cruzara com todas as espécies, mas nunca lhe ocorrera averiguar a que velocidades se deslocavam.
– Tolices – resmungou. – Querias que eu andasse a cronometrar os voos de cada um? Tenho mais que fazer!
– Bom, então diz-me onde é que os caracóis têm os olhos.
– Os caracóis? Sei lá! São tão pequenos que nunca me despertaram qualquer interesse. Gosto de animais grandes, porque só os grandes têm importância neste mundo.
- Muito bem. Nesse caso, suponho que sejas íntima do lobo cinzento da América. A cegonha ficou radiante:
- Claro! É um grande amigo meu. Ainda há tempos estivemos juntos num jantar. Disfarçando um sorrisinho irónico, a tartaruga inquiriu com ar ingénuo:
- De que é que ele se alimenta?
- Ãa… do mesmo que os outros, com certeza. Não reparei, porque é falta de educação reparar no que as pessoas comem…
A conversa tomara, afinal, o rumo inverso do que a cegonha pretendia. Tanto quisera deslumbrar a tartaruga com os seus conhecimentos e acabara fazendo uma triste figura. A outra sabia muito mais do que ela! Isso irritava-a, mas também a enchia de curiosidade. Como é que, sem sair de casa, uma pessoa podia andar tão bem informada? Não resistiu a perguntar. A tartaruga riu-se.
– Como é que eu estou bem informada? É muito simples, cara amiga…
– Então explica.
– Não explico. Vem comigo e verás com os teus próprios olhos. Segue-me!
Lá foram então as duas, uma pela água e outra pelo ar.
Depressa chegaram ao destino: uma gruta simpática, coberta de algas por fora e muito bem arranjada por dentro. Areia fofa, conchas, búzios e livros. Livros a não acabar mais! Uns de capa dura, outros de capa mole, com desenhos maravilhosos ou quase sem desenhos nenhuns, pequenos, médios, grandes, finos, grossos, delicados, resistentes, mínimos e descomunais!
– O segredo está aqui, não me desloco, mas viajo pelos caminhos da leitura. Só preciso de óculos, e de imaginação!
A cegonha estava encantada. Folheou ao acaso e, sem grande esforço, descobriu logo pormenores deliciosos nas legendas das figuras.
- Que engraçado! Diz aqui que a ave mais rápida do mundo é o falcão-peregrino. Não fazia a mínima ideia que ele podia atingir 300 quilómetros por hora!
-E se reparares nas outras imagens, ficas a saber que o caracol tem olhos nas antenas e que o lobo cinzento da América come alces, coiotes e coelhos, aos oito quilos de cada vez.
- Que giro!
- Pois é! Divirto-me muito sem sair desta gruta. Como não tenho asas e a carapaça pesa bastante, ainda não me surgiu uma boa oportunidade para viajar. Mas um dia hei de partir e nessa altura, estarei preparada para ver o mundo com os olhos abertos.
- Se eu tivesse forças, levava-te comigo- disse a cegonha, num tom bem mais amistoso. – Deves ser a melhor das companheiras! Mas, já que é impossível, no regresso, passo por cá. Gostaria de dar uma olhada nos teus livros. Pode ser?
- Podes, Claro. Aparece que tenho aí muitos jornais e revistas com histórias e informações sobre terras longínquas.
- Combinado tartaruga. Logo que o tempo melhore, volto. Está Bem?
- Está. Fico à tua Espera.
- Até à vista, amiga!
- Até à vista!

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Uma bela bola de sabão pelo ar

Fotografia de Luís Leal Pinto

O meu amigo Luís tirou esta fotografia. Onde? A paisagem é extremenha, lá por terras de Valencia de Alcántara, muito perto da fronteira com Portugal. É possível que seguindo por esse caminho, sabe-se lá, os nossos passos terminem num rio que faz fronteira entre Espanha e Portugal, o rio Sever.  E se não for assim, as terras portuguesas estarão aí, tão perto dos nossos olhos. Vamos tomar banho no rio Sever?




Uma gárgula da igreja do Carmo


Nesta fotografia de Dobraszczyk vemos uma gárgula da igreja do Carmo em Lisboa, que sofreu graves danos aquando do grande terramoto de 1755.


terça-feira, 26 de junho de 2012

Minha namorada (Maria Creuza e Vinicius de Moraes)



O Brasil é tão, tão grande, e há tanta música nele! Hoje temos uma bonita canção. Quem é que a compôs? O poeta brasileiro Vinicius de Moraes escreveu a letra e Carlos Lyra, a música. 

Ouvimos cantar Maria Creuza e o autor da letra, Vinicius de Moraes.

Nota. Reparem que você no Brasil é como tu em Portugal. Lembrem-se disto sempre que ouvirem uma canção brasileira. Os amigos tratam-se por você no Brasil, enquanto em Portugal o fazem por tu. Neste caso,aliás, no verso "uma cartinhazinha de você" devem pensar em "uma cartinhazinha de ti (ou tua)"


MINHA NAMORADA

Meu poeta eu hoje estou contente
Todo mundo de repente
Fica olhando, fica olhando
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de quê
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você

Se você quer ser minha namorada
Ah! Que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas estórias de você
E de repente
Me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porquê

Mas se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada prá valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo em meu caminho
E, talvez, o meu caminho
Seja triste prá você
Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos
E os seus braços, o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois




Uma pretinha no bairro da Lapa


Pretinha é o título desta fotografia de Martin Lazarev. Ele tirou-a no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro.



Fotografia de Kátia Busson 

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A voz da terra (António Botto)


Leituras para estes dias do verão. Agora têm  todo o tempo do mundo. Alguém se anima a ler até ao fim este conto? Se não compreenderem todas as palavras, não faz mal, algumas delas podem procurar no dicionário e outras tentar imaginar qual o significado...

A Voz da Terra

Um rei que vivia solitário, certo dia, lembrou-se de mandar construir um palácio que fosse uma grande maravilha. E para que essa construção ficasse de facto grandiosa, pensou que só poderia erguê-la sobre uma alta coluna cujo alicerce infinitamente forte pudesse, em verdade, sustê-la. Chamando o seu íntimo ajudante, deu-lhe esta ordem:

— Desejo que mandes alguns homens a todas as florestas e bosques do universo a fim de encontrarem a árvore mais ampla e mais alta que houver debaixo do sol. Não te surpreendas, vai.

E trinta rachadores de madeira partiram à procura da árvore gigantesca. Semanas depois, regressaram:

— Encontramos a árvore, mas é impossível transportá-la.
— Levem cavalos para a trazer! – exclamou o rei.
— Não poderiam com ela.
— Algumas centenas de bois?
— Não poderiam com ela.
— Todos os meus elefantes?
— Também não será bastante.
— Pois seja como for; dentro de um prazo de oito dias, quero a árvore aqui! – disse, por fim, com azedume.

E os trinta leais servidores, de cabeça baixa, e em silêncio, partiram para a floresta. Porém uma outra árvore surgiu ainda mais bela. Era uma árvore venerada por todos os habitantes desse pequeno lugar e arredores, porque viviam na ilusão – ou na certeza! – de que um deus nela habitava e que a essa presença divina é que a árvore devia a sua exuberante formosura e o seu aspecto tão alto, tão forte, maravilhoso! Entretanto, o rei ordenou que a derrubassem porque só ela poderia ser a coluna do seu desejado palácio. Descantes e danças, abraços e beijos, à roda do velho tronco, misturavam-se na voz de alguém que a cantar dizia:

Deus, oculto e generoso,
Procura outra morada,
Que esta árvore frondosa,
À ordem de El-rei senhor,
Vai, por nós, ser derrubada.

A folhagem estremeceu; as ramarias mais altas inclinaram-se, chorosas, e um vago lamento se ouviu:

— Se o vosso rei teimar nesse propósito, todas estas árvores de fruto e todas estas plantações que crescem à minha volta ficarão também destruídas. Digam, pois, ao vosso rei, que esse desejo é cruel. Contudo, se ele teimar, humildemente me entrego...

Nessa noite, enquanto o soberano dormia, o Deus da árvore venerada apareceu-lhe e ao ouvido assim falou tristemente:

— Sei eu que mandaste derrubar a árvore maior e mais alta da floresta. Venho pedir-te que não pratiques esse monstruoso crime.
— Mas onde vou eu encontrar a coluna para o palácio que quero mandar construir?

— Raciocina, Rei sabedor: durante quatro mil anos recebi a adoração de todos os habitantes destas povoações vizinhas e, em troca, só benefícios saíram das minhas mãos. As aves adormecem, cantam e vivem nos meus ramos. Espalho sombra e bem-estar ao caminhante fatigado pelas ardências solares. Estão comigo a paz e o bem.

— É verdade quanto dizes, ó alma dessa árvore formosa. Mas mantenho o que desejo.

— Está bem; não devo contrariar-te. Só uma coisa ainda te peço. Manda-a cortar por três vezes. Primeiro, a cabeça coroada de folhagem verde; depois, o tronco com os seus braços abertos ao amor e ao infortúnio; e, por fim, as raízes que são tantas e tão profundas que hão-de abalar a terra inteira.

— O que me pedes surpreende-me pela originalidade. Até hoje ninguém me pediu que lhe tirasse a vida por três vezes! Porque não queres suportar a morte num golpe certeiro?

— Eu te respondo, rei inteligente: à volta de mim cresce e vive a minha família. Variadíssimas árvores prosperam à minha sombra generosa. Se eu tombar de um arranco, o meu corpo pesado e enorme, vai, certamente, mutilar essas vidas florescentes; mas, se cair por três vezes e em três bocados, será mais suave o desastre, por elas e não por mim!

No dia seguinte a ordem do rei era esta:

— Não quero que derrubem essa árvore! Nela mora um espírito de tanta beleza moral que é necessário respeitar e ouvir. As árvores são sagradas. Para edificar a minha casa outra coluna se arranjará; talvez de bronze ou de prata, ou, talvez, unicamente deste infeliz coração que bate aqui no meu peito.

António Botto

Do livro Os Contos de António Botto

Lido no blogue Contos de aula




sexta-feira, 22 de junho de 2012

'Ó Rosa arredonda a saia' ao acordeão



O Jorge, da turma de 2º D, toca acordeão. Eu achei isto por acaso, e lembrei-me dele.

Ó Rosa arredonda a saia é uma canção popular portuguesa. Uma sugestão para quem gostar da música: podiam procurar uma versão cantada.

Ah, reparem na palavra refrão, que evidentemente é um falso amigo. Vocês sabem bem como é que se diz refrão na nossa língua, não é?


Ó ROSA ARREDONDA A SAIA

[Refrão=]

A Ó Rosa, arredonda a saia, E7
Ó Rosa, arredonda-a bem!
Ó Rosa, arredonda a saia, A
Olha a roda que ela tem!

Olha a roda que ela tem,
Olha a roda que ela tinha!
Ó Rosa, arredonda a saia,
Que fique bem redondinha!

[Refrão]

A saia que traz vestida,
É bonita e bem feita,
Não é curta, nem comprida,
Não é larga, nem estreita.

[Refrão]

Fernando Faria (Alternativamente C/G7, D/A7, E/B7)


(Letra da página da Universidade do Minho)



Países pobres? Os de sol e praia

Uma ajuda. O que quer dizer a expressão dar cabo de que usa a letra O? Dar cabo de uma coisa significa acabar com uma coisa, destrui-la. Percebem?




quinta-feira, 21 de junho de 2012

Mais dois desenhos de Paula Maestro




A desenhadora (ou desenhista) e designer gráfica brasileira Paula Maestro já esteve aqui no ano passado e volta com mais dois desenhos. Espero que gostem deles.



Amigo da onça?



Lembram-se da onça do outro dia? Hoje temos mais uma onça no blogue, mas desta vez usada agora numa expressão idiomática.

A expressão amigo da onça é utilizada para referir-se a um amigo falso, hipócrita, também chamado popularmente de “amigo-urso”. A expressão tornou-se bastante popular no Brasil a partir dos anos 40, quando o cartunista Pericles de Andrade Maranhão criou o personagem Amigo da onça a partir de uma piada que ouvira.

Piada original

Dois caçadores dividem uma barraca. Um deles pergunta:
- E se aparecesse uma onça agora?
- Eu dava um tiro nela.
- E se você estivesse sem arma?
- Eu usava o facão.
- E se você estivesse sem facão?
- Eu subia numa árvore.
- E se não tivesse árvore?
- Eu corria.
- E se você estivesse paralisado de medo?
- Pô, você é meu amigo ou amigo da onça?

(Fonte: Wikipédia)





Em Portugal, usa-se a expressão amigos de Peniche para a mesma coisa. Leiam o que nos diz a Wikipédia:

Amigo de Peniche é uma expressão idiomática de Portugal que se refere a um falso amigo - um parceiro desleal que não merece confiança e está apenas interessado em receber às custas de outros sem oferecer nada em troca. É o equivalente da expressão amigo da onça do Brasil, também usada em Portugal.




quarta-feira, 20 de junho de 2012

Hoje acabam as aulas e começam as férias


Hoje, dia 20 de junho acabam as aulas e começam as desejadas férias de verão, as férias grandes.

Depois de amanhã, os vossos pais (encarregados de educação, diriam em Portugal), receberão o boletim de notas na Escola.

Deveria despedir-me de todos vocês e desejar-vos umas belas férias grandes, mas vou adiar (quer dizer, "retrasar") esse momento e vou continuar a publicar até ao dia 28 deste mês algumas leituras, músicas, desenhos... Espero que não deixem de visitar o blogue nos dias que faltam para junho acabar.




Duas meninas mumuilas em Angola


Volta outra vez o fotógrafo Eric Lafforge, que esteve aqui anteontem. Continuamos em Angola, um dos países dos chamados P.A.L.O.P. (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).

Este blogue é para alunos de português, mas alunos que estudam como língua primeira o inglês. Aprender línguas estrangeiras é muito bom. É por isso que transcrevo as palavras do fotógrafo como ele as escreveu. Deste jeito, podem compreender quem são estas meninas e saber alguma coisa delas. É claro que a vida delas é muito, muito diferente da vossa. Será que elas frequentam a escola? O que é que vocês acham. Pensem um bocadinho nisso.


Those little girls from the Mumuhuila tribe live near Chibia, in the south of Angola. They wear the traditional hairstyle and the big necklace. The necklace shows if they are teens or not. They still are children as the necklace is red. 

On their hair, they wear the traditional hairstyle, made with a mix of trunk, oil and cow dung. It was impossible to make them smile as pausing for a white man was too impressive for them, it was the first time they met tourist. Imagine the face they had when i gave them a polaroid at the end of the session! Those little girls live dressed like that, they were not dressed for me.


Angola no vasto continente africano



terça-feira, 19 de junho de 2012

Dois desenhos de Lisf




Se não me engano, a autora destes desenhos é portuguesa e assina como Lisf.



Um relógio com letras?




"Chamem os números", diz este estranho relógio, porque assim parece que é difícil dizer as horas, não acham?

Como é que diríamos esta? "Já passam das k e b" (kapa e bê)... Quem nos perguntasse as horas, ficaria sem saber, evidentemente.


(Repararam no imperativo, não foi?)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cores de Namibe (Eric Lafforgue)


Há uma região em Angola chamada Namibe (a antiga Moçâmedes dos portugueses) e ali Eric Lafforgue tirou esta fotografia. Que beleza de cores! Até dá vontade de entrar nela, não acham?

Para terem uma ideia mais completa de onde fica Angola e a região de Namibe, vejam o mapa.  E estão os links!





sexta-feira, 15 de junho de 2012

Uma onça pequenina e outra um pouco maior


Olhem como é linda esta onça pintada! Este animalzinho vive no Brasil e Lia de Paula é a autora da fotografia, que se intitula Uma onça na selva de pedras. Se querem saber mais das onças, cliquem no link.

Em baixo fica uma outra fotografia, desta vez de uma onça adulta. Muito cuidado! Aqui podem ver mais fotografias e saber mais das onças.




quinta-feira, 14 de junho de 2012

Cuidado com estas facas!


Cuidado com estas facas, meninos. Parecem ter o gume bem afiado e podem cortar. A verdade é que são  muito grandes e pouco apropriadas para as usar à mesa. Mas a palavra é a mesma. A faca é um dos talheres (cuidado aí, lembram-se deste falso amigo?), os outros são a colher e o garfo.


Os três talheres: colher, garfo e faca




quarta-feira, 13 de junho de 2012

No aniversário de Fernando Pessoa

 Obra de Gilmar Fraga

Um dia como hoje, 13 de junho, mas do ano 1888, nasceu o poeta português Fernando Pessoa. Ele era um e era muitos poetas. Como??? Isto fica para ser esclarecido um dia qualquer.

Por enquanto (quer dizer, "por ahora"), leiamos estes versos de Alberto Caeiro, um poeta inventado por Pessoa. Há mais, hein!


Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.




segunda-feira, 11 de junho de 2012

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Está chovendo na roseira (Elis Regina)




 ESTÁ CHOVENDO NA ROSEIRA

Olha está chovendo na roseira
Que só dá rosa mas não cheira
A frescura das gotas úmidas
Que é de Luisa
Que é de Paulinho
Que é de João
Que é de ninguém

Pétalas de rosa carregadas pelo vento
Um amor tão puro carregou meu pensamento

Olha um tico-tico mora ao lado
E passeando no molhado
Adivinhou a primavera

Olha que chuva boa prazenteira
Que vem molhar minha roseira
Chuva boa criadeira
Que molha a terra
Que enche o rio
Que limpa o céu
Que trás o azul

Olha o jasmineiro está florido
E o riachinho de água esperta
Se lança em vasto rio de águas calmas

Ah, você é de ninguém
Ah, você é de ninguém




"Olha um tico-tico mora ao lado..."



Em inglês e em português


Vestido de sonho. Muda de cor com o meu humor

Bu! Se alguma vez virem umas botas como estas à venda, digam-me. Por favor.



quarta-feira, 6 de junho de 2012

"Quando passo um dia inteiro..." (Fernando Pessoa)


Uma quadra ao gosto popular que o poeta Fernando Pessoa escreveu à jovem que ele namorou um dia, Ofélia. Não são os melhores versos deste poeta, claro, mas já sabemos que "Todas as cartas de amor são ridículas...", como escreveu um "amigo" do poeta, chamado Álvaro de Campos.


Quando passo um dia inteiro
Sem ver o meu amorzinho
Cobre-me um frio de Janeiro
No Junho do meu carinho.




segunda-feira, 4 de junho de 2012

Um desenho de Helgi Thorgils Fridjónsso


Quem fez este desenho não pertence ao mundo cultural português, brasileiro, etc., mas julguei que vocês gostariam de apreciar este autorretrato do ano 2009 do artista islandês Helgi Thorgils Fridjónsso.

Foi um achado que fiz em Journey round my skull, a cujo autor agradeço.



sexta-feira, 1 de junho de 2012

Aquele abraço (Gilberto Gil)



Lá isso é! Aquele abraço é o título desta fotografia de Lina Magalhães, e nós vamos cantar com o Gilberto Gil uma canção com esse mesmo título!

Não é bonita a fotografia? E a canção? Ai, que boa maneira de começar o mês de junho!

Alegria, alegria...


AQUELE ABRAÇO

O Rio de Janeiro
Continua lindo
O Rio de Janeiro
Continua sendo
O Rio de Janeiro
Fevereiro e março

Alô, alô, Realengo
Aquele Abraço!
Alô torcida do Flamengo
Aquele abraço

Chacrinha continua
Balançando a pança
E buzinando a moça
E comandando a massa
E continua dando
As ordens no terreiro

Alô, alô, seu Chacrinha
Velho guerreiro
Alô, alô, Terezinha
Rio de Janeiro
Alô, alô, seu Chacrinha
Velho palhaço
Alô, alô, Terezinha
Aquele Abraço!

Alô moça da favela
Aquele Abraço!
Todo mundo da Portela
Aquele Abraço!
Todo mês de fevereiro
Aquele passo!
Alô Banda de Ipanema
Aquele Abraço!

Meu caminho pelo mundo
Eu mesmo traço
A Bahia já me deu
Régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu
Aquele Abraço!
Prá você que me esqueceu
Ruuummm!
Aquele Abraço!
Alô Rio de Janeiro
Aquele Abraço!
Todo o povo brasileiro
Aquele Abraço!