Bairro de Alfama e Rio Tejo em Lisboa

sábado, 11 de dezembro de 2010

A formiga e a neve



Uma formiga prendeu o pé na neve.
–Ó neve! tu és tão forte, que o meu pé prendes!
Responde a neve:
–Tão forte sou eu que o Sol me derrete.
–Ó sol! tu és tão forte que derretes a neve que o meu pé prende!
Responde o Sol:
–Tão forte sou eu que a parede me impede.
– Ó parede! tu és tão forte que impedes o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde a parede:
–Tão forte sou eu que o rato me fura.
–Ó rato! tu és tão forte que furas a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o rato:
–Tão forte sou eu que o gato me come.
–Ó gato! tu és tão forte que comes o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o rato:
–Tão forte sou eu que o cão me morde.
–Ó cão! tu és tão forte que mordes o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o cão:
–Tão forte sou eu que o pau me bate.
–Ó pau! tu és tão forte que bates no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a pare-de, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o pau:
–Tão forte sou eu que o lume me queima.
–Ó lume! tu és tão forte que queimas o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o lume:
–Tão forte sou eu que a água me apaga.
–Ó agua! tu és tão forte que apagas o lume, que queima o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde a água:
–Tão forte sou eu que o boi me bebe.
–Ó boi! tu és tão forte que bebes a água, que apagas o lume, que queima o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o boi:
– Tão forte sou eu que o carniceiro me mata.
– Ó carniceiro! tu es tão forte que matas o boi, que bebes a água, que apagas o lume, que quei-ma o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o carniceiro:
–Tão forte sou eu que a morte me leva.


Nota. Hoje não se diz carniceiro, mas talhante (o/a talhante), e a carne compra-se no talho.



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