Bairro de Alfama e Rio Tejo em Lisboa

terça-feira, 30 de novembro de 2010

No comboio descendente (Fernando Pessoa)



Os versos são do poeta português Fernando Pessoa e a música e a voz são do cantor João Afonso. Que grande alegria neste comboio, não acham?


No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada.
Uns por verem rir os outros
E outros sem ser por nada.
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada...

No comboio descendente
Vinham todos à janela,
Uns calados para os outros
E os outros a dar-lhes trela.
No comboio descendente
De Cruz Quebrada a Palmela...

No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormindo, outros com sono,
E outros nem sim nem não.
No comboio descendente
De Palmela a Portimão.


Notas

vinha / vinham = venía / venían

tudo = todos, todo el mundo ("toda a gente", diz-se também em português)

à gargalhada = (riéndose) a carcajadas

dar trela a = (fam.) dar cuerda a 

reinação = juerga