Bairro de Alfama e Rio Tejo em Lisboa

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

O professor vai embora e despede-se


Uns vão, outros vêm e outros ficam... E hoje é a minha vez de ir embora. Cheguei a esta escola no ano letivo 2010-2011 e a meio deste ano 2019-2020 devo fechar os livros e pôr o ponto final no meu trabalho e neste blogue. Acabou tudo, pronto. Adeus, ou até à vista, sabe-se lá! Espero que tudo vos corra bem no futuro.

E para terminar mesmo, dado eu adorar a música, despeço-me de todos vocês com esta canção da angolana Aline Frazão. Não é bonita?


Uma imagem de África: "Tu nunca vais andar sozinha" é o título que o autor desta fotografia, Andreas Martin, lhe deu. Estamos  perto da cidade de Catió, na Guiné-Bissau, em fevereiro de 2016.





quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Uma baleia numa parede!


Algures, em Lisboa, na "rua de entre muros do mirante", Luisa Cortesão tirou esta fotografia de uma baleia pintada numa parede. Gostam?




Sophia de Mello Breyner Andresen - "A menina do mar" (um conto em 4 actos)



«A Menina do Mar» é o primeiro conto de Sophia para a infância e foi editado, pela primeira vez, em 1958.

Tendo a praia como cenário, este conto revela-nos uma história de amizade entre um rapaz e a Menina do Mar. Cada um vive no seu mundo, o rapaz na terra e a menina no mar, mas a curiosidade de ambos leva-os a querer partilhar essas diferenças: a menina fica a saber o que é o amor, a saudade e a alegria; o rapaz aceita viver com ela no fundo do mar.

(Revista Visao Júnior)

texto http://www.cienciaviva.pt/oceanos/files/Menina_do_Mar(1).pdf


Música de Fernando Lopes-Graça.
Vozes de Eunice Muñoz, Francisca Maria, António David, e Luís Horta.
Direcção de Artur Ramos.



Provavelmente, a escola primária mais bonita de Portugal


Provavelmente, a escola primária mais bonita de Portugal

É talvez a escola primária mais bonita de Portugal. Tem uma história diferente de todas as outras do país e a ela está associada uma lenda. Sabe onde fica?


Provalmente, a escola primária mais bonita de Portugal. Localiza-se em Faiões, no Concelho de Chaves. Foi oferecida à terra por um benemérito, António Luís Morais Sarmento, natural de Faiões e antigo reitor da Universidade de Coimbra.

O edifício foi construído tendo como inspiração a faculdade de direito da Universidade de Coimbra.

Actualmente, a escola primária foi desactivada e funciona apenas como jardim de infância.

A notícia completa em VORTEXMAG (11 de setembro de 2015)





Chuva (Nuno Júdice)



CHUVA

Chove como sempre. E,
sempre que chove,
as pessoas abrigam-se
(as que não estavam à
espera que chovesse);
ou abrem, simplesmente,
o chapéu-de-chuva - de
preferência com fecho
automático. Porque, quando
chove, todos temos de
fazer alguma coisa: até
nós, que estamos dentro
de casa. Vão, uns, até
à janela, comentando:
"Que Inverno!"; sentam-se,
outros, com um papel
à frente: e escrevem
um poema, como este.

Nuno Júdice

Um Canto na Espessura do Tempo (1992)



Tempo de pipocas?


Tempo de pipocas é o título desta fotografia de Patrícia Simões. Vocês gostam de pipocas? Há pessoas que comem montes de pipocas no cinema. Eu não gosto disso...





quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

De onde foi tirada esta fotografia?


É Lisboa, sim. Alguém que lá tenha estado, seria capaz de me dizer qual é essa grande praça que se vê na fotografia?

Vejám em baixo:


Praça do Comércio (Fotografia de Diego Celso na Wikipédia)


Um dos 4 sons do xis é este



Pois é, a letra x (o xis, já sabem que os nomes das letras são masculinos em português) representa 4 sons diferentes, mas aqui vamos ver apenas um, muito frequente, o que encontramos na primeira palavra da fotografia: caixa.

É o som /ʃ/ (palatoalveolar fricativo sonoro), exatamente igual a como se pronuncia em inglês sh

Nota. Na poesia há duas palavras cujo x represente outro som: existia e exames /z/ e táxi /ks/ . Todas as outras, /ʃ/


Qual é a coisa qual é ela?

Sem ela Xavier não existia,
o xadrez ninguém jogava,
exames não haveria,
com roxo ninguém pintava,
o mexilhão não mexia
e o peixe na peixaria
era coisa que faltava.
Está no meio do caixote,
no princípio do xarope,
quase no fim do repuxo
e anda sempre no táxi…

António Torrado





Parabéns, Elena!



Bem, em português é Helena, com agá. Hoje é o aniversário da Helena, da turma de 1º A.

Também se diz dia de anos, ou os anos. E assim, podem perguntar aos amigos portugueses:

Quando é o teu aniversario? ou  Quando é o teu dia de anos? ou  Quando são os teus anos?


Parabéns a você
nesta data querida,
muitas felicidades,
muitos anos de vida.

Hoje é dia de festa,
cantam as nossas almas,
para a menina Helena
uma salva de palmas.

E aqui toda a gente bate palmas...








Venham mais cinco (José Afonso)


Há tempo que não se ouvia no blogue uma canção do grande cantor José Afonso. E fica logo no ouvido, não acham?

VENHAM MAIS CINCO

Venham mais cinco,
duma assentada
que eu pago já
do branco ou tinto,
se o velho estica
eu fico por cá

Se tem má pinta,
dá-lhe um apito
e põe-no a andar
De espada à cinta,
já crê que é rei
d'aquém e além-mar

Não me obriguem
a vir para a rua
gritar
que é já tempo
d' embalar a trouxa
e zarpar

A gente ajuda,
havemos de ser mais
eu bem sei
Mas há quem queira,
deitar abaixo
o que eu levantei

A bucha é dura,
mais dura é a razão
que a sustém
Só nesta rusga
não há lugar
prós filhos da mãe

Bem me diziam,
bem me avisavam
como era a lei
Na minha terra,
quem trepa
no coqueiro
é o rei

José Afonso



Azul ar (Alexandre O'Neill)

Fotografía de Rosa Pomar


AZUL AR

azul mais azul que todo o azul do mar
azul mais azul que todo o azul do mundo
que azul tão azul tinha
ali o azul do céu
para onde azulou o passarinho meu

Alexandre O´Neill



Pulando corda


"Meninas pulando corda na localidade conhecida como Azul, na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro."

A fotografia é de Léo Lima.




Umas palavras e algumas obras de Ivan Cruz


"O artista plástico Ivan Cruz nasceu em 1947, no Rio de Janeiro, e mudou-se para Cabo Frio em 1978. Formado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele organizou, em 1990, a mostra com a temática que se tornou sua assinatura: as brincadeiras de infância. Ivan Cruz já reproduziu em seus quadros em acrílico e cores vivas mais de cem jogos infantis (...)".









terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Revisão dos interrogativos





"Não vales pelo que tens, vales pelo que dás"





Madassa – o menino que não conseguia aprender a ler (Michel Séonnet)

Fotografia de José Carlos Costa

Madassa – o menino que não conseguia aprender a ler

Madassa

Madassa não sabia ler nem escrever.
Madassa tinha a idade que as crianças têm quando sabem ler e escrever.
Mas Madassa não sabia ler nem escrever.

Na cabeça de Madassa não havia lugar para palavras.
Na cabeça de Madassa habitava apenas o medo, escuro e negro, causado pelos barulhos da guerra, e pelos mortos, muitos mortos.

Na cabeça de Madassa vivia uma raiva imensa cheia de porquês.
Como se as perguntas fossem garras dilacerantes.
Na cabeça de Madassa pairava um nevoeiro de tristeza.
Tão espesso que ele não conseguia lembrar-se sequer da cara do irmão ou da irmã, cujo paradeiro ninguém conhecia.

Havia dias em que, na cabeça de Madassa morava a mesma fome que lhe enchia o ventre. A negrura do medo, as garras da raiva, o nevoeiro da tristeza – e, em certos dias, a fome – ocupavam toda a cabeça de Madassa.
Na cabeça de Madassa não havia lugar para as palavras.

A professora já não sabia o que fazer para ajudar Madassa.
Quanto tinha tempo, lia-lhe histórias que ele sozinho não conseguia ler.
Lia-lhe a história do Pequeno Polegar, que tivera tanto medo na floresta.
E o medo do Polegarzinho passeava pela cabeça de Madassa.
Lia-lhe a história de Martinho , que estava sempre irritado.
E a irritação do rapaz era igual à que existia na cabeça de Madassa.
Lia-lhe a história da Menina dos Fósforos.
E a tristeza da Menina chorava na cabeça de Madassa.
A professora contava-lhe também a história de Pedro e a Lua, do menino que queria fazer florir a terra inteira com plumas de pássaro.
E as plumas dançavam na cabeça de Madassa.

E, entretanto, o que acontecia na cabeça de Madassa?
O medo do Polegarzinho deixava palavras para exprimir o medo.
A cólera de Martinho deixava palavras para exprimir a cólera.
A tristeza da Menina dos Fósforos deixava palavras para exprimir a tristeza.
A dança das palavras de Pedro e a Lua deixava palavras que davam vontade de dançar.

Certa manhã, as palavras, fortemente agitadas, não quiseram ficar na cabeça de Madassa.
Então, o menino pegou num caderno, numa caneta, e, embora desajeitadamente, como uma criança que aprende a andar, escreveu:

Madassa medo
Madassa cólera
Madassa tristeza

Madassa por entre as ervas
Madassa ao vento
Madassa na água

Madassa cinzento preto azul
Madassa vermelho amarelo preto
Madassa cinzento amarelo verde

Madassa galo tigre
Madassa sol

─ Um poema! ─ exclamou a professora. ─ Escreveste um poema!

Então escrever é isto!
Pegar nas palavras das histórias e transformá-las nas palavras de Madassa.
Mas é preciso ler muitas histórias para ter muitas palavras.

Madassa começou a ler.
E a escrever também.
Quanto mais lia, mais escrevia.
Quanto mais escrevia, mais vontade tinha de ler.
Era um círculo mágico.

Madassa não sabia ler nem escrever.
Mas enchia agora cadernos e mais cadernos.
Talvez um dia escrevesse um livro.

Madassa escritor.


Michel Séonnet
Madassa
Paris, Ed. Sarcabane, 2003
(Tradução e adaptação)


(Lido em Contadores de histórias)




O que é um dossiê?


Dossiê

3. pasta, arquivador



E já agora, um bloco?

2. caderno de folhas destacáveis.






segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Sumaúma (Aline Frazão)


Vejam e ouçam como canta Aline Frazão, que nasceu em Luanda, a capital de Angola, em 1988.


SUMAÚMA

Irmã de causa e de casa
Do raso voo de uma asa
Do riso bom de uma dança
Dos olhos dessa criança

És manhã, és sumaúma
A mãe de todas as plantas
A canção que a paz reclama
A voz maior, quando cantas

Diz-me o que vês lá do alto
Olhos de ver sempre longe
Braços de estar sempre perto
Dona do caminho certo

Eu seguirei o teu passo
Marcharei às Heroínas
Escutarei teu cansaço
E cuidarei tuas esquinas

Eu juntarei teus pedaços
Quando lhes perderes vista
Farei minhas tuas mágoas
E tuas minhas conquistas

És manhã, és sumaúma
A mãe de todas as plantas
A canção que a paz reclama
A voz maior, quando cantas




A palavra sumaúma, na Infopédia:

1. BOTÂNICA (Ceiba pentandra) árvore de grande porte, nativa da América e de África, da família das Bombáceas, tem tronco robusto, raízes tubulares, flores campanuladas brancas e sementes envoltas em filamentos sedosos (paina); árvore-da-lã.

2. pelos que envolvem as sementes dessa árvore, os quais constituem um algodão aproveitado para acolchoamento.



"A samaúma, também conhecida como sumaúma e algodoeiro é a maior árvore da Amazônia e uma das maiores do mundo. Chega a ter 60 metros de altura e 40 metros" (Iguiecologia)




Uma ilustração de Bruno Aziz





Bruno Aziz, "Literatura de Terror...Ilustra para o Caderno 2 do Jornal A Tarde"


Sabem todos quem foi Ariadne?


Uma aluna da turma de 1º A chama-se Ariadna. Sabem todos os colegas quem foi Ariadne, que é como se diz em português, e o que significa? E o que é o fio de Ariadne? Vamos lá ver.


Ariadne: Significa "muito casta", "a mais pura", "puríssima" ou "a mais sagrada".

Tem origem no nome grego Ariadne, da palavra grega ádne, que significa "casta, pura", e da partícula ari, que no grego funciona como superlativo, equivalente a "muito" ou ao sufixo -íssima, e significa "muito casta, a mais pura, puríssima, a mais sagrada".

Ariadne é a filha do rei Minos, na mitologia grega, e segundo a lenda, ela ajudou Teseu a escapar do labirinto após matar o Minotauro.

Os nomes Ariana ou Ariane são as variantes mais comuns de Ariadne, que equivale em significado aos nomes Agnes e Catarina.

(Fonte: significadodosnomespropios.br)


Significado de fio de Ariadne:

A expressão vem da mitologia grega, e faz referência ao fio que Teseu recebeu de Ariadne para escapar do labirinto após vencer o Minotauro. É o mesmo que uma ligação, um fio condutor que auxilia a sair de determinada situação problemática ou a concluir um raciocínio.


Teseu e o Minotauro (Fotografia de Sebastià Giralt)


Tudo numa semana (Luísa Ducla Soares)



TUDO NUMA SEMANA

Segunda-feira nasci,
na terça fui para a escola,
na quarta estava casado,
na quinta toquei viola,

na sexta tive três filhos,
no sábado envelheci,
no domingo veio a morte,
dei-lhe um estalo, estou aqui.

Luísa Ducla Soares



Um calendário com dez meses?


Alguém já se perguntou alguma vez o porquê dos nomes dos quatro últimos meses do ano, que se parecem com sete, oito, nove e dez, quando são o 9º, o 10º, o 11º e o 12º meses do ano? Vamos saber porquê.

SETEMBRO / OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO

O nome “setembro” vem do latim septem, ou sete. Esse era o sétimo mês do primeiro calendário romano, antes da reforma de Pompílio.

“Outubro” vem do latim octo, ou oito. Era o oitavo mês antes da reforma de Pompílio.

“Novembro” vem do latim novem.

e “dezembro” vem do latim decem, ou dez. Era o décimo e último mês do primeiro calendário romano.

(Revista Superinteressante)

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CALENDÁRIO ROMANO / JULIANO

O calendário romano começou na época da fundação da cidade de Roma, o que corresponde ao século VII a.C., e foi introduzido por Rómulo (o primeiro rei da cidade).

Era um calendário lunar e tinha 304 dias, divididos em apenas 10 meses, de Março a Dezembro.

- 1º mês - Martius (31 dias)
- 2º mês - Aprilis (30 dias)
- 3º mês - Maius (31 dias)
- 4º mês - Junius (30 dias)
- 5º mês - Quintilis (31 dias)
- 6º mês - Sextilis (30 dias)
- 7º mês - September (31 dias)
- 8º mês - October (31 dias)
- 9º mês - November (31 dias)
- 10º mês - December (30 dias)


O ano começava a 1 de Março, que era o início da Primavera.

Os dias do mês eram designados pelo método incómodo de contar os dias para trás a partir de três datas:

- as calendas, ou o primeiro dia de cada mês;

- os idos, ou meados do mês, que caíam no dia 13 de certos meses e no dia 15 de outros;

- as nonas, ou o nono dia antes dos idos.

Mas como ainda se pode complicar mais este assunto, lê a seguir.

O segundo rei de Roma, Numa Pompílio, acrescentou mais dois meses ao calendário, o 11º mês, Janeiro (em homenagem a Jano, o deus com duas caras), e o 12º mês, Fevereiro (de Februarius, deus dos infernos e das purificações), para obter um ano de 354 dias.

Os romanos da época eram muito supersticiosos e para eles os números pares davam azar. Por isso aboliram os meses de 30 dias, que passaram a ter 31 ou 29 dias.

Mas como agora "faltavam dias" ao ano, era preciso intercalar um mês extra aproximadamente a cada dois anos. Esse mês intercalar, chamava-se Mercedonius.

Passou a ter-se um ano com 12 meses e 355 dias: havia meses com 29 dias, com 28 dias e com 31 dias.

Como vês, não era nada simples...

Podem continuar a ler neste link do site Junior.

Mais tarde Júlio César, em 46 a.C., adoptou um calendário solar com 365,25 dias, que mesmo assim era maior que o ano solar em 11 minutos e 14 segundos, o que gerava um erro de 3 dias em cada 400 anos.



sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Um pirata feito de papel (Bruno Batista)


Bruno Batista é contador de histórias, e conta-nos uma cujo protagonista é um pirata que era feito de... papel.





A bailarina (Cecília Meireles)

Fotografia de Ilja van de Pavert



A BAILARINA

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os ohos e sorri.

Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

Cecília Meireles






Nota. Ficar tonto = "marearse"



Três fábulas

Ilustração de Félix Lorioux (ap. César Ojeda)


A RAPOSA E O CORVO

O Corvo apanhou um queijo, e com ele fugindo, se poisou sobre uma árvore. Viu-o a Raposa, e desejou de lhe comer o seu queijo: e pondo-se ao pé da árvore, começou a dizer ao Corvo: -- Por certo que és formoso, e gentil-homem, e poucos pássaros há que te ganhem. Tu és bem disposto e mui galante; se acertaras de saber cantar, nenhuma ave se comparará contigo. Soberbo o Corvo destes gabos e desejando de lhe parecer bem, levanta o pescoço para cantar; porém abrindo a boca, caiu-lhe o queijo. A Raposa o tomou e foi-se, ficando o Corvo faminto e corrido de sua própria ignorância.

Fábula de Esopo, vertida do grego por Manuel Mendes, da Vidigueira. BRAGA, Teófilo. Contos tradicionais do povo português - vol. II. 5.ed. Lisboa: Dom Quixote, 1999. p. 278.




A RAPOSA E A VINHA

Dizem os Sábios que Salomão é mais sábio e contava: Uma astuta raposa passava por um lindo vinhedo. Uma cerca alta e espessa cercava a vinha por todos os lados. Ao circular ao redor da cerca, a raposa encontrou um buraquinho, suficiente apenas para que ela passasse a cabeça por ele. A raposa podia ver as uvas suculentas que cresciam na vinha, e sua boca começou a salivar. Mas o buraco era muito pequeno para ela.

O que fez então a esperta raposa? Jejuou por três dias, até tornar-se tão magra que conseguiu passar pelo vão.

No vinhedo, a raposa começou a comer à vontade. Ficou maior e mais gorda que antes. Até que quis sair da plantação. Ai dela! O buraco estava pequeno demais novamente. O que poderia fazer? Jejuou então por três dias, até que conseguiu espremer-se pelo buraco e passar para fora outra vez.

Voltando-se para olhar a vinha, a pobre raposa disse: "Vinha, ó vinha! Como pareces adorável, e como são deliciosas tuas frutas. Mas que bem me fizeste? Assim como a ti cheguei, assim eu te deixo..."

Fonte: Sociedade Israelita de Beneficência BEIT CHABAD




O LOBO E O CORDEIRO

Estava bebendo um Lobo encarniçado em um ribeiro de água, e pela parte de baixo chegou um Cordeiro também a beber. Olhou o Lobo de mau rosto, e disse, reganhando os dentes:

– Porque tiveste tanta ousadia de me turvar a água onde estou bebendo?

Respondeu o Cordeiro com humildade:

– A água corre para mim, portanto não posso eu turvá-la.

Torna o Lobo mais colérico a dizer:

– Por isso me hás-de praguejar? Seis meses haverá que me fez outro tanto teu pai.

Respondeu o Cordeiro:

– Nesse tempo, senhor, ainda eu não era nascido, nem tenho culpa.

– Sim tens (replicou o Lobo), que todo o pasto de meu campo estragaste.

– Mal pode ser isso, disse o Cordeiro, porque ainda não tenho dentes.

O Lobo, sem mais razões, saltou sobre ele e logo o degolou, e o comeu.


Ler mais: http://segundociclo.webnode.pt/fabulas/



quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Eu bem vi nascer o Sol

Nascer do Sol no Alentejo. - Serpa. Fotografia de Luis MP Gonçalves


Eu bem vi nascer o Sol
duma maçã vermelhinha
nunca pensei que nascesse
de coisa tão pequenina.

Eu bem vi nascer o Sol
num canivete de prata
nunca pensei que nascesse
de coisinha tão barata.

Eu bem vi nascer o Sol
nas areias do Mondego
enganei-me: foi a Lua
que o Sol não nasce tão cedo.

Alice Vieira



Casa de banho (casa e com nh)







Um beija-flor no nariz!


Não sei onde é que Kristen Fair tirou esta fotografia de um beija-flor pousado no nariz desta mulher; ela não diz. Será o Brasil? Podia ser, mas também outros países. Não faz mal, o que conta é ver esse diminuto passarinho a interagir com uma pessoa.



quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Quem foi que escreveu "portuges"???


Com u e com acento circunflexo (ê), se não se importam, por favor!

















Aprender poemas de cor (Sophia de Mello Breyner Andresen)

Se as crianças aprendessem poemas de cor em pequenas, se fosse uma parte integrante do ensino e até, se elas tivessem de dizer um poema de cor para serem admitidas a qualquer universidade, as pessoas passavam a falar melhor. Porque falar é próprio de todas as pessoas, não é só do médico, do engenheiro e onde se aprende a falar realmente é na poesia.

Sophia de Mello Breyner Andresen 

Entrevista ao jornal Contemporâneo em 15 de Março de 1989


Busto de Deméter, deusa grega das colheitas



 
OS DEUSES

Nasceram, como um fruto, da paisagem.
A brisa dos jardins, a luz do mar,
O branco das espumas e o luar
Extasiados estão na sua imagem.




FUNDO DO MAR

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.