Há um disco intitulado Abril, Abrilzinho, que os cantores Manuel Freire, Vitorino e José Jorge Letria fizeram para explicar aos mais novos o que foi o 25 de Abril para Portugal ("para os mais novos, mas também para os que foram contemporâneos dos seus autores").
Vitorino canta aqui a figura de Fernando Salgueiro Maia, o capitão sem medo. Sendo este movimento do 25 de Abril, que trouxe a democracia a Portugal, algo feito entre muitas pessoas, é possível que sem o valor e o sangue frio deste grande capitão, não tivesse triunfado.
Viva Salgueiro Maia!
O CAPITÃO DOS TANQUES
Era uma vez um homem
Que andou a fazer a guerra
Mas quis plantar cravos
Nos jardins da nossa terra.
Militar de poucas falas
Sabia bem o que queria,
Cansado de tantas mortes
Na guerra que então havia.
Era capitão dos tanques
Que o inimigo temia,
Mas nos seus canos pôs cravos
Com pétalas de poesia.
Um dia de madrugada
Bateu forte o coração
Porque era chegada a hora
De vir destronar o Papão.
Para trás ficou Santarém
Na noite fresca de Abril
E os homens que o seguiam
Valiam por mais de mil.
E foi no Largo do Carmo
Que, valente, ergueu a voz
Para dizer ao Papão:
'Agora mandamos nós'
E nunca pediu nada em troca
Dessa linda valentia
Um título ou um posto
Pois lhe bastava a alegria
Foi-se embora antes do tempo
Quando a doença o levou
Regando só com as lágrimas
Os cravos que então plantou
Era o Salgueiro Maia
Capitão do nosso Abril,
Pondo fim a velhos medos
Numa noite primaveril.
Se um menino perguntar:
'Este soldado quem foi?'
Respondemos-lhe a cantar:
'Maia foi o nosso herói.'
Vitorino
O capitão Salgueiro Maia no dia 25 de abril de 1974 (Foto de Alfredo Cunha)
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