Bairro de Alfama e Rio Tejo em Lisboa

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Um conto tradicional: A estátua que come

Fotografia de seLusava



A ESTÁTUA QUE COME

Havia numa igreja uma estátua de mármore que estava com a boca aberta. Uns homens começaram a falar ao pé dela, e disse um:

–Está há tantos anos com a boca aberta, sem ninguém lhe dar de comer.

–Pois se quiser de comer, que venha a minha casa.

Ora o que disse isto era muito pobre; à noite quando chegou a casa, bateram-lhe à porta, e era a estátua, que dizia que estava ali para cear com ele. O homem atrapalhou-se um pouco, e respondeu-lhe a verdade, que não tinha que cear, porque era muito pobre.

–Pois vais pedir por esse mundo, até teres que me dar de comer.

Dizendo isto a estátua foi-se embora, e o pobre homem não pode ficar mais sossegado e foi pedir por esse mundo. Passado muito tempo estava rico, e veio outra vez à sua terra, procurou a sua casa, e viu outras no seu lugar, e todos lhe diziam que já não se lembravam de terem feito obras naquele local. Foi à igreja e viu ainda lá a estátua que tinha convidado e quando se foi chegando para ela, viu-lhe ainda a boca aberta, e pensou consigo:

–Eu convidei-a há tanto tempo, que ela já não me conhece.

E aproximando mais, ouviu a estátua dizer:

–Bem te conheço, e agora que estás rico é que virás cear comigo.

E caiu-lhe em cima e matou-o.




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