Um paio de carne de porco
Era uma vez três estudantes, que iam para casa das famílias passar as férias. Seguiam pelo mesmo caminho e encontrando um lobo morto disse um deles: “Aquele que fizer o verso mais bem feito a este lobo, come o jantar sem pagar”.
– Está dito! – responderam os outros dois, e um deles começou:
Este lobo, quando no mundo andou,
quanto comeu, nada pagou.
Disse o outro estudante:
Este lobo, quando era vivo,
tudo comeu cru e nada cozido.
O terceiro respondeu:
Este lobo, quando dormiu a sesta,
nunca dormiu uma como esta.
Depois de dizerem os versos começaram a discutir, porque todos três queriam que o seu fosse o melhor.
Nisto passou um soldado, e eles chamaram-no dizendo-lhe: “Olá, camarada! Há-de dizer-nos qual dos versos é melhor, para sabermos qual de nós há-de comer o jantar sem pagar”, e repetiram os versos. Depois de acabarem, disse o soldado: “Estão todos muito bem feitos. Paguem os senhores todos três o jantar e comamo-lo todos quatro”. “Pois sim!” disseram os estudantes, mas zangados por se verem logrados por um soldado, combinaram entre si que haviam de zombar dele. Chegaram a uma hospedaria e mandaram fazer jantar para todos quatro, mas em particular disseram à dona da hospedaria, que cozesse um paio e o pusesse na mesa partido em três partes iguais. Depois disto sentaram-se todos quatro à mesa, e um dos estudantes espetou o garfo num dos bocados do paio e disse:
Em nome do Padre...
este me cabe!
O segundo fez o mesmo, dizendo:
Em nome do Filho...
este comigo!
O soldado vendo um só bocado no prato, agarrou-o, gritando:
Em nome do Espirito Santo...
antes que fique em branco!
E deste modo foi ele quem logrou (= "burló") os três espertalhões.
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